quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Nota da UNE sobre a USP




A União Nacional dos Estudantes (UNE) repudia a violência da Polícia Militar contra estudantes que se encontravam na reitoria da Universidade de São Paulo (USP) na madrugada desta terça-feira (8). A invasão da Cidade Universitária por forças policiais e a detenção dos estudantes é injustificável.
A ação da Polícia Militar fere o princípio da autonomia universitária e compromete a liberdade histórica garantida aos estudantes para se organizarem e defenderem seus princípios na busca por uma educação mais igualitária e pela justiça social em nosso país. O uso da força e da truculência não é a melhor forma de agir frente ao debate que se criou com a decisão autoritária e imediatista da atual gestão da USP, que firmou convênio equivocado com a PM para supostamente aumentar a segurança no campus.
No caso da USP, a questão também envolve outros fatores bem mais importantes, como a formação urbanística no campus, desenhado durante a ditadura militar e que ainda apresenta um modelo indevidamente superado. Foi inclusive durante esse período da ditadura que a ausência da PM nos campus permitiu ao movimento estudantil iniciar os movimentos pela Anistia e liberdades democráticas. Os estudantes lutaram contra essa ditadura, que ainda assim invadia universidades para prender e torturar. Venceram, inclusive, pela via da organização coletiva e da democracia. 
No entanto, sombras da ditadura permanecem vigentes na USP. Exemplo é o estatuto utilizado para a perseguição e expulsão dos estudantes envolvidos na ocupação da reitoria de 2007 – promulgado durante a gestão do reitor Gama e Silva, redator do texto do AI-5.
É falacioso afirmar que, dentro ou fora da universidade, a simples presença da Polícia Militar seja sinônimo absoluto de segurança para os cidadãos. Sofremos  com uma PM atrasada. Defendemos que a USP se debruce em um amplo debate com toda a sociedade para fomentar políticas alternativas à PM no combate à  insegurança vivenciada na Universidade. Esse projeto deve perpassar uma USP mais aberta à sociedade, com mais iluminação, ocupação criativa dos espaços e transporte acessível. 
A UNE acredita que outras soluções devem ser discutidas pela reitoria da USP para que o problema da violência no campus seja solucionado e convida a todos para uma discussão acerca do problema. Para isso, é urgente a liberação de todos os estudantes que estão detidos neste momento no 91.º Distrito Policial, no Jaguaré, zona oeste da capital paulista.
União Nacional dos Estudantes, 8 de novembro de 2011. 

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