quinta-feira, 16 de junho de 2011

Catalunha. Deputados entram de helicóptero em parlamento sitiado

Violência estendeu-se a Madrid e houve detenções. Líderes do Movimento 15-M condenam a violência, as vaias e os insultos



parlamento catalão foi ontem cercado por uma manifestação de jovens Indignados (a geração à rasca espanhola), o que obrigou 24 deputados e o presidente da Generalitat (governo da Catalunha), Artur Mas, a entrarem na câmara recorrendo a helicópteros. Outros legisladores chegaram em carrinhas da polícia. Os líderes do acampamento da Puerta del Sol e fundadores do Movimento 15-M condenaram a acção em Barcelona por considerarem inaceitável "qualquer pressão acima da lei".

Os confrontos entre os manifestantes e a polícia catalã (Mossos d''Esquadra) provocaram pelo menos 24 feridos e quatro membros dos Indignados foram detidos. Artur Mas afirmou que a acção dos manifestantes justificava "o uso legítimo da força" por parte dos agentes da polícia "para garantir a integridade dos deputados". O movimento de protesto "ultrapassou a linha vermelha", afirmou Mas.O movimento que organizou o acampamento na Puerta del Sol, em Madrid, que defende a luta pacífica, desvinculou-se "de qualquer acto violento e pressão acima da lei, o direito e a democracia". Em comunicado, o Movimento 15-M condena "taxativa- mente" a agressividade dos manifestantes que insultaram e acossaram alguns deputados.A meio da tarde, os cerca de dois mil manifestantes que estavam sentados junto ao parlamento dividiram-se e metade deles foi cercar o palácio da Generalitat. Mas apenas temporariamente, porque a seguir se dirigiram para o Arco do Triunfo onde anunciaram a leitura de um manifesto contrário à violência e garantiram que hoje voltarão a tentar impedir os deputados de ingressar no parlamento.

Alguns dos manifestantes que passaram a noite junto ao parlamento catalão chamaram "traidores" aos outros que deixaram a praça e houve, segundo o "El País", quem referisse o facto de estarem a ser "manipulados".

A comissão de Acção e Respeito do Movimento 15-M mostrava ontem preocupação por as manifestações de protesto dos Indignados poderem estar a ser infiltrado por grupos violentos e recomendava medidas para impedir a generalização da violência: "Se a violência começar e a polícia, com ordens para não intervir, não responde, desde a Respeito vamos trabalhar para a evitar", lê-se no comunicado.

"Vaiar, insultar, atirar água ou tinta e, sobretudo, não deixar que os políticos façam o seu trabalho não é decididamente o nosso objectivo", sublinharam os líderes do movimento de jovens que contesta a política económica e social do actual governo que deixou o país com uma inflação superior a 21%.

Madrid Na capital espanhola, também houve distúrbios, tendo o coordenador-geral da Izquierda Unida, Cayo Lara, levado com a água de uma garrafa despejada por um grupo de manifestantes indignado com aquilo que consideravam o aproveitamento mediático do político a uma conquista que não era dele.

Mais de 500 pessoas convocadas pela Plataforma de Afectados por la Hipoteca cortaram ontem uma rua no bairro de Tetuán em Madrid e impediram o despejo de uma família libanesa cujo pai está no desemprego desde que encerrou a sua padaria devido à crise. Cayo Lara que estava presente, segundo ele, a título pessoal, comentava para os jornalistas presentes os acontecimentos quando começou a ser vaiado e insultado por uma parte dos manifestantes.

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