Assistência estudantil e creche universitária são bandeiras de luta da entidade
Nos últimos anos, o número de estudantes no ensino superior público e privado aumentou, principalmente após iniciativas como o Programa Universidade para Todos (ProUni). Consequentemente, a demanda por políticas de permanência cresceu nas Instituições de Ensino Superior. As dificuldades socioeconômicas, em especial a pressão para entrar no mercado de trabalho, são grandes exemplos que corroboram com a evasão escolar nas instituições de ensino.
Acompanhamento médico, odontológico e psicológico; acesso a atividades de esporte, cultura e lazer; cursos de línguas e inclusão digital; transporte e tantas outras políticas compõem o leque de instrumentos necessários à permanência e formação completa dos estudantes.
Nesta data especial de dia das crianças, o debate sobre assistência estudantil e creche universitária é de extrema relevância. A luta pela construção de creches nas universidades federais não é recente, e teve início na década de 1970, incentivada pelos movimentos sociais, principalmente o feminista e o sindical. Hoje, o debate é fortalecido pelo movimento estudantil através da defesa de políticas públicas específicas que possibilitem a permanência das mães estudantes.
Mais da metade das universidades no Brasil não contam com essa infraestrutura. Por isso, para Camila Moreno, diretora de assistência estudantil da UNE, a construção de um Plano Nacional de Assistência Estudantil que comtemple este problema é de fato uma grande luta. Camila também convoca todos os estudantes para uma grande campanha em defesa das mães estudantes que carecem de políticas públicas específicas.
“Muitas mulheres estudantes, ao se tornarem mães, tem que deixar a moradia universitária ou até seus cursos, já que cai sobre elas quase toda a responsabilidade do nascimento de um filho. Muitas, por serem mães, tem sequer a possibilidade de entrada na universidade, por ter que cumprir muitas jornadas de trabalho para o sustento da família e os cuidados dos filhos. Essa campanha da UNE, por Assistência Estudantil para as mães estudantes, pela construção das creches nas universidade é fundamental para promover o pleno acesso à educação”, explicou.
Gabriela Romanelli, 23 anos, cursa direito na Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete (FDCL) em Minas Gerais, e divide o tempo entre o trabalho, o curso e a Manu, que tem 4 anos de idade.
Quando ficou grávida, tinha acabado de ingressar na universidade. Pensou em interromper o curso e se concentrar na gravidez, até porque conciliar os dois exige tempo e dinheiro no bolso. Mas, Gabriela estava determinada a realizar estas tarefas: a de mãe e a de estudante.
Quando a Manu nasceu ficou ainda mais difícil, porque a faculdade não possui creche universitária.
“A gente possui licença maternidade mas é por um período muito curto. Essa é uma fase que a criança precisa ter a mãe por perto. Foi nessa época que eu realmente senti a necessidade de uma creche universitária. Quem segurou a bronca no começo foi minha mãe e minha vó, mas muitas estudantes não tem a quem recorrer e acabam largando o curso porque não tem condições de conciliar tudo. Tenho que cumprir optativas até hoje por conta deste período”, disse.
Para Gabriela, a creche universitária vai muito além de cumprir um papel meramente físico. Deve ser, acima de tudo, um projeto de extensão universitária, que estabeleça uma relação entre a sociedade e a instituição de ensino, tornando a creche um espaço de diálogo, de troca de experiências e de formação de conhecimento.
A Lei Federal 6.202 de 1975, garante as estudantes grávidas a partir do oitavo mês de gestação e durante os três primeiros meses após o nascimento do bebê o direito de fazer os exercícios, passados na sala de aula, em casa. Quando retornam para a faculdade, as estudantes agendam as datas para fazer as provas que perderam.
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