O ativista do movimento negro foi o grande homenageado da 5ª Bienal da UNE e
esteve presente na reconquista do terreno da entidade
O ativista do movimento negro Abdias Nascimento morreu na noite de segunda-feira (23). A informação foi confirmada pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap) na tarde desta terça-feira (24).
Segundo Ivanir Santos, do conselho estratégico do Ceap, Abdias, de 97 anos, estava internado no Hospital dos Servidores, no Centro do Rio, há dois meses e sofria de diabetes.
De acordo com nota enviada pelo hospital, ele teve uma insuficiência cardíaca na unidade. Ainda segundo o hospital, ele estava internado por complicações cardíacas desde o dia 15 de abril.
Com uma longa história de lutas na construção da igualdade para os negros dentro da sociedade brasileira, Abdias Nascimento foi escolhido por unanimidade para ser o grande homenageado da 5ª Bienal da UNE realizada entre os dias 27 de janeiro e 02 de fevereiro de 2007 no Rio de Janeiro. Com o tema "Brasil-África, um rio chamado atlântico" o festival estudantil discutiu a relação do povo brasileiro com a cultura africana.
Além de participar da Bienal da UNE, Abdias fez questão de ir, na época, ao recém ocupado terreno da sede da UNE, encontrar os estudantes e prestar a sua solidariedade e apoio. Mesmo na cadeira de rodas, em razão de sua saúde física, ele visitou o acampamento e foi homenageado. Ganhou uma camisa da campanha "UNE de volta pra casa", assinou o livro de visitas e discursou.
Ativista desde a década de 1930, quando participava da Frente Negra Brasileira e lutou contra a segregação racial em estabelecimentos comerciais da capital paulista.
Em 1944, fundou o Teatro Experimental do Negro (TEN), entidade que patrocinou a Convenção Nacional do Negro, realizada em 1945-46, e organizou o 1º Congresso do Negro Brasileiro, em 1950.
Foi o primeiro parlamentar afro-brasileiro a dedicar seu mandato de deputado (1983-87) e senador (1991, 1996-99) à luta contra o racismo, apresentando projetos de lei para definir o racismo como crime e criando mecanismos de ação compensatória.
No governo de Leonel Brizola, foi nomeado Secretário de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras do Estado do Rio de Janeiro (1991-94). Mais tarde, assumiu o cargo de primeiro titular da Secretaria Estadual de Cidadania e Direitos Humanos (1999-2000).
Fonte: UNE
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