Muito Além de Brincadeira de Criança
Na última quarta-feira (09/05) o Brasil se comoveu com o fato ocorrido numa escola em São Carlos, no estado de São Paulo: uma menina de 11 anos foi abusada sexualmente por quatro colegas de turma dentro da sala de aula, e os acusados, tinham entre 12 e 14 anos de idade. A agressão aconteceu durante a troca de professores, diante de toda a turma.
O caso é grave, e infelizmente, vem se somar a outras notícias do gênero que assolam a sociedade com uma frequência assustadora. Ainda em março deste ano, estourou a história de uma garota de 12 anos que foi estuprada mais de uma vez por 5 colegas da escola, todos também menores de idade. Além desses, muitos outros casos vem à tona, mas são todos tratados isoladamente, sem que haja nenhuma reflexão sobre a relação entre eles.
Mais do que bullying, estamos falando de casos de agressão sexual onde todos os envolvidos são menores de idade. A violência contra as mulheres se alastra em todos os setores da sociedade, mostrando que o machismo não tem idade nem limites e traz graves consequências, inclusive para nossas crianças.
O que leva uma criança de 12 anos a abusar sexualmente de outra? Quais são os valores que estão sendo passados e quais as atitudes que estão sendo reproduzidas nas nossas escolas? Esse é o pensamento que deve permear qualquer reflexão ou crítica sobre casos como esses. O que vemos nas notícias é o mais fiel e cruel retrato do machismo ainda tão impregnado em nossa sociedade. Os adolescentes que cometem esse tipo de crime estão colocando em prática nada mais do que os valores machistas que assimilaram durante toda a vida, exercendo a suposta superioridade masculina em detrimento da mulher. Vemos uma clara opressão das mulheres, que são tratadas como objetos a serviço das vontades dos homens, sem direitos, sem voz, sem respeito, sem sequer o tratamento digno de um ser humano.
O julgamento dos casos citados, bem como a pena aos acusados são difíceis por se tratar de menores de idade, e, até agora, a única punição aplicada foi uma suspensão de cinco dias na escola. A justiça deve fazer sua parte no cumprimento da lei, mas, a experiência de uma violência como essa com certeza vai marcar para sempre a vida de quem a sofreu ainda tão jovem. Isso, punição alguma pode apagar. Fica a nós a tarefa de refletir sobre a real causa desses problemas que assolam nossa sociedade de forma tão violenta, e buscar soluções.
Precisamos ensinar os homens a não estuprar, ao invés de ensinar as mulheres a não serem estupradas. Discutir o combate ao machismo dentro das escolas é uma pauta que vem se mostrando cada dia mais central e, para isso, apresentamos como alternativa a construção do FEMINISMO: a luta por igualdade de gênero, respeito e libertação das mulheres. Debater, criar consciência, formar opinião e lutar são tarefas da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas para combater as opressões da sociedade capitalista e, um mundo justo e igualitário passa fundamentalmente pela libertação das mulheres.
Não há nesse Brasil ninguém melhor para alcançar o universo das escolas do que os e as próprias estudantes secundaristas organizadas. Assim, a Diretoria de Mulheres vem afirmar o caráterFEMINISTA que a UBES deve encampar de forma muito incisiva para este e os próximos períodos. Criar e fortalecer as organizações feministas dentro do movimento secundarista é dar às mulheres ferramentas de enfrentamento à violência sexista presente no dia a dia dentro e fora das escolas. Dessa forma, contribuimos de forma concreta para a superação do machismo e consequentemente para o fim dos revoltantes casos de violência contra a mulher como os que foram noticiados nos últimos dias.
Natal, 10 de maio de 2012
Larissa Lorena
Diretora de Mulheres da UBES
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