Manifesto da UNE: Caravana Brasil +10

MANIFESTO DA CARAVANA

“Brasil+10”: Nas lutas dos próximos dez anos, o Brasil de nossos sonhos!

Quinhentos e doze anos após o primeiro contato entre portugueses e ameríndios, o Brasil vive,
hoje, apenas o preâmbulo de seu verdadeiro destino. Temos nossa história marcada pela
resistência e mobilização dos povos. A luta dos milhões de indígenas e de negros contra a
escravidão e a luta da classe trabalhadora e sua juventude por direitos e transformações
sociais no Brasil, no século XX, são marca da originalidade e criatividade de nossa gente. Não
se pode subestimar a capacidade que esta nação tem de, na luta e na pressão por mudanças
democráticas, construir um Brasil forte, com respeito a sua soberania e combate as
desigualdades que já duram mais de quinhentos anos. Diante de nossas possibilidades, não
aceitamos mais a marca de eterno “país do futuro”. No momento em que este gigante se
ergue, cabe discutir os rumos que esta nação de gente forte e corajosa quer para os anos
futuros desde já.
Neste período em que o país enxerga no horizonte o aniversário de 200 anos de sua
independência, a União Nacional dos Estudantes, entidade que reúne as lutas da juventude
brasileira, se propõe a discutir o que será do tempo que resta para chegarmos a esta data tão
simbólica. Qual o Brasil que queremos para os próximos 10 anos? Como construir este país
pelo qual tanto lutamos?

O Brasil é parte do contexto atual de profunda crise econômica do capitalismo e aumento das
lutas sociais, e os principais afetados são os trabalhadores e a juventude. Desde 2008 a crise
levou países a falência na Europa, desestabilização da economia americana, privatizações,
perda de direitos trabalhistas e sociais e desvios de recursos públicos para sustentar o
mercado financeiro. Em resposta a isso revoluções no mundo árabe, ocupação em Wall Street
e greves gerais na Europa. No Brasil, as manifestações também cresceram. A greve de Jirau e
Santo Antônio, a greve dos servidores federais, dos professores e profissionais da educação
em diversos estados, greve dos bombeiros no Rio de Janeiro e dos Policiais Militares, a
resistência de Pinheirinho, ocupações de reitorias e contra o aumento da passagem, são
marcos de um novo período de lutas no Brasil.
O Brasil que a UNE quer é democrático, soberano, ambientalmente sustentável e desenvolvido
economicamente e socialmente. Pressupõe um forte investimento em tecnologia para a
garantia de nossa autonomia científica. Pressupõe o respeito ao meio ambiente para que não
se desenvolva de forma irresponsável. Pressupõe uma mídia democrática, para que todos
tenham a oportunidade de dar o seu recado. Pressupõe o respeito à diversidade, às mulheres,
aos povos originais e a população negra. Pressupõe o fortalecimento da saúde publica. E, hoje,
carece, mais do que nunca, da superação de um sistema financeiro que ganha dinheiro sem
gerar emprego e distribuir renda e da redução de investimentos em áreas estratégicas para o
desenvolvimento nacional democrático e popular.
A UNE repudia o discurso dos que defendem a manutenção da atual política macroeconômica
que, ao considerar o contingenciamento de bilhões de reais, permite que setores como
educação, saúde, moradia, proteção social e programas afirmativos e de inclusão sejam
afetados. Em 2011, a transferência do setor público aos bancos, via juros, chegou a